30.6.09

Dois Irmãos



Vou falar de relações fraternas. Uma é de sangue, verdadeira testemunha ocular de minha existência. Meu irmão companheiro, sempre ao meu lado, mesmo que separado por um mar, seja de água ou de terra. Nessa viagem, escolhemos ir a quatro mãos, pois tanto emprestei como agradeci as dele. Entrelaçados no ir e vir, demo-nos as mãos e nos mantivemos sãos. Já minha irmã, não compartilhou comigo o título de filha, mas foi escolhida em um mercado persa. “Quero comprar daquela ali”, eu disse. Queria para mim seus sonhos e seu jeito, suas lágrimas e imensos sorrisos, as especiarias de suas rotas internas. Aceitando a irmandade, minha princesa árabe me emprestou título de nobreza, é comerciante nata e me ensinou a negociar com meus próprios sentimentos.

24.6.09

Anel de Ágata

Comprei um anel com a pedra que tem o nome da minha vó. Ágata. Não a conheci, nos desencontramos dessa existência, mas meu anel de pedra certamente foi seu contemporâneo. Porque é matéria de centenas de milhares de anos. Fez-se ágata enquanto centenas de milhares de avós nasciam e viviam inconscientes de qualquer existência mineral. Podemos dizer que meu anel nasceu da pedra. O parto foi desincrustrar-se em busca de lapidação. Meu anel foi herança da minha avó sem nem ela saber. Não vale milhares de dólares, mas milhares de anos.